Consumidores são aquilo que consomem e aquilo que deixam de consumir. Porém, o mercado é um espaço relacional parabólico, que capta sinais de necessidades e desejos, reais ou imaginários, que imediata e incessantemente são observados, absorvidos, abstraídos, transmutados e reenviados para o mundo em forma de produtos, serviços e informações – um fluxo incessante de conexões e experimentações. É neste processo que se estrutura o planejamento de gostos, que são mapeados, mantidos ou reinventados, e embalados, distribuídos e ofertados para manter ou gerar hábitos, que geram encomendas e compras e… tudo se repete com os devidos updates.
Oh! Somos todos atores no mercado de ilusões, vivendo em comunidades imaginadas e participando de redes culturais transnacionais previamente planejadas e programadas, simulando a eterna busca por satisfação e a felicidade, mensuradas por dispositivos de inteligência artificial que retroalimentam o sistema de necessidades e desejos fazendo girar a economia?
Há opções. De querer ser anônimo, por exemplo, ou de ser conhecido e respeitado, em um processo todo exclusivo e personalizado. Mas todas passam por uma análise dos seus dados e pelo seu consentimento, sem os quais não há como saber quem você é e o que você quer.
É o paradoxo da proteção de dados: para acionar a sua segurança, é preciso passar informações, pois nenhuma empresa reconhece os clientes que não conhece. Por outro lado, como autorizar aquilo que não foi informado, como as imagens de câmeras que identificam consumidores e capturam seus gestos e olhares em uma situação de compra?
Para Charles Montesquieu, “A liberdade é o direito de fazer tudo o que a lei permite.” Na visão de Jean Paul-Sartre, “Ser livre não é poder fazer o que se quer, mas querer o que se pode.” Finalizo com William Bulguer, para quem “Não há nada que melhor defina uma pessoa do que aquilo que ela faz quando tem toda a liberdade de escolha”.
O que você escolhe?