Influenciados nos últimos anos pela corrida da China por um espaço de maior proeminência no mercado automotivo global, legisladores europeus, principalmente alemães, abdicaram do seu dever de regular o mercado com independência e claramente colocaram a carroça na frente dos burros.
Os países do bloco passaram a estabelecer limites de emissões impossíveis de serem atingidos por veículos a combustão, inclusive aqueles consumindo combustíveis de fontes renováveis como é o caso do etanol no Brasil. Montados numa matriz energética caótica, preponderantemente a carvão, passaram a comprar escala e novos consumidores com incentivos que só países de alta renda conseguem.
O consumidor que lê este artigo deve estar se perguntando: e o que eu tenho a ver com isso? Quando compro um carro nos dias de hoje, avalio o design, o nível de conectividade, a segurança e o link com meu perfil.
Tem muito a ver, pois, apesar da certeza de que o futuro da motorização dos veículos será elétrico, a falácia de que os carros elétricos emitem “zero CO2” com custo de operação eternamente baixo deve ser combatida com seriedade. Trata-se de fake news.
Num mundo onde a corrida pela redução dos gases de efeito estufa merece toda prioridade, a disseminação de informações claras sobre o todo precisa possibilitar ao consumidor escolhas adequadas pois, no fim do dia, ele também é responsável pela garantia de futuro sustentável para as próximas gerações.
A adequação de um veículo ao meio ambiente depende da matriz energética que o movimenta, ou seja, depende de como é gerada a energia que o alimenta.
O que faz um veículo mais ou menos adequado a um específico mercado é sua adequação tanto à capacidade de investimento dos consumidores quanto aos requisitos ambientais que devem se equilibrar aos benefícios sociais e econômicos.
Para os países de baixa renda, como o nosso, avançar para alternativas tecnológicas que somente a elite pode consumir vai inviabilizar a indústria local, impactando adversamente a sociedade.
O espectro de soluções para a mobilidade sustentável do futuro é amplo e é responsabilidade da mídia informá-lo com independência e não como propaganda.